Entre a tradição e a contemporaneidade, uma remodelação incrível

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Entre os inúmeros edifícios devolutos que proliferam por este país encontram-se por vezes verdadeiras gemas. Pedras preciosas em bruto, sujas e feias para o cidadão comum, mas cheias de potencial aos olhos dos verdadeiros conhecedores.

E este foi precisamente o caso do projeto de hoje. O imóvel era um antigo alambique e lagar, em Amarante, onde se produzia o vinho primeiro e a aguardente depois. Um espaço de utilização agrícola presente em muitas casas antigas. Bastante delapidado e em más condições o panorama não era encorajador, no entanto a excelente construção em granito deixava transparecer confiança.

O profissional que viu o potencial do espaço foi o Arquiteto Raul Sousa Cardoso e soube transformá-lo de tal modo que embora possamos nele alcançar o passado, não conseguimos alhear-nos da sua exposta contemporaneidade. O resultado é um restaurante e bar magníficos, entre o rústico e o moderno, onde apetece estar.

Curioso? Não espere mais, venha conhecer uma obra emblemática deste profissional, ainda jovem, mas já com tanto para mostrar!

Antes foi lagar e alambique!

A ideia é mesmo chocar para vincar as diferenças, embora nem fosse necessário, como verá a seguir! A foto acima é de antes da renovação e remodelação. Ou seja é a pedra preciosa em bruto.

O espaço foi construído próximo da casa que servia e estava desativado, após o desaparecimento das atividades que originaram a sua construção. E por isso ainda podemos ver as antigas estruturas para fermentar o vinho e prensar o bagaço, para além dos antiquíssimos garrafões de vidro grosso usados para armazenar a aguardente. Mas observamos que as paredes de granito estão intactas, e que o madeiramento do teto ainda se encontrava em muito bom estado. A alma estava lá apesar dos anos de incúria!

Agora é restaurante e bar de luxo!

Estes lagares e alambiques tradicionalmente eram construções rústicas, instaladas preferencialmente em locais frescos e arejados. Edificados com paredes espessas e resistentes, em pedra, e desprovidos de vãos para além da porta de entrada, apresentavam no interior dois níveis. Um, superior, totalmente ocupado pelo lagar e outro, inferior, onde se encontrava um peso que auxiliava a prensa.

A recuperação e reformulação foram assentes nessa estrutura, aproveitando paredes e telhado, devidamente adaptados, e acrescentado área, com materiais semelhantes.

E assim nesta foto mostramos o presente, cheio de vida e animação! Aqui podemos ver a fachada lateral, com o alpendre a servir de esplanada, rodeado de vegetação e sombreado pela parreira… Note que o antigo tanque foi mantido como elemento integrante do edifício. Afinal a atividade vinícola esteve na base da necessidade de construção do edifício e o objetivo é não perder de vistas as raízes.

A fachada impressiona

Uma fachada espetacularmente bem conseguida, num perfeito casamento entre os materiais de origem e os adicionados pelo projeto!

Repare no telhado mais afastado do campo de visão na foto. No antigo podemos ver os espigões que adornam a cumeeira, na estrutura nova esses adornos não existem. Por outro lado se olhar com atenção poderá ver como a pedra original se entreliga com a pedra nova da extensão construída. Tudo perfeitamente integrado como se a planta do edifício sempre tivesse sido assim.

Preparado para todos

Entremos agora… Logo no átrio de entrada percebemos o tom dos interiores, se tivermos estado distraídos no exterior. O espaço é simples e rústico, como deve ser. Um armário vertical de madeira dá o espaço de armazenamento necessário, mas o que realmente chama a atenção é a linda cadeira de refeições para bebés. Uma antiguidade ou um excelente revivalismo?

Depois—a transformação!

É possível situar este espaço na primeira fotografia? Sim! A estrutura do telhado está lá, visível e rústica como antes, mas agora renovada, conservada e devidamente tratada. As paredes de granito são as mesmas, isso também é óbvio. No entanto o espaço agora desimpedido, brilha com nova luz! Para isso mesmo a janela da esquerda foi renovada e uma nova foi rasgada. E a pequena gateira tornou-se numa janela horizontal, depois de ter triplicado de tamanho!

A decoração é simples e rústica, todavia confortável e muito acolhedora. Um candelabro de cristal, clássico, empresta o seu charme ao ambiente, tornando-o mais refinado e luxuoso, enquanto nas paredes apreciamos fotografias e gravuras antigas alusivas à atividade vinícola. Um restaurante onde apetece saborear um bom bife acompanhado de um excelente copo de vinho tinto…

A beleza do passado, no presente

Este átrio de acesso aos sanitários é deslumbrante! O local em si é simples, apenas uma antecâmara com uma das paredes em granito e duas cor de orquídea. E ainda bem pois qualquer objeto perde expressão junto ao magnífico móvel de lavatório de madeira ricamente esculpida, com as suas porcelanas delicadamente pintadas e a sua torneira de cobre. Não obstante essa grandeza não resistimos a chamar a atenção do leitor para um pormenor delicioso… A maçaneta da porta de vidro!

Outra sala na mesma sala!

Esta é a outra sala! Lembra-se de como é comum este tipo de edifícios ter dois níveis de piso? Este foi o resultado da renovação no piso inferior. 

Outra sala de refeições, outro ambiente, sem barreiras de paredes a limitar o espaço. E uma lareira com recuperador de calor, que os dias podem ser frios no norte!

Uma garrafeira digna impunha-se

Num espaço de inspiração vinícola uma garrafeira como esta era um imperativo natural. E esta não desilude! Devidamente climatizado, o espaço apresenta-se sóbrio e despojado, com grandes expositores em madeira simples e práticos, acondicionando as garrafas. Para brindar ao melhor da vida!

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